Belisário, do Diário da Região, em foto de Carlos Chimba |
A internet vai acabar com a televisão, o jornal e o rádio. A internet vai acabar com tudo. Mesmo?
Cada vez mais as profissões como conhecemos têm absorvido as novas tecnologias em seu quotidiano, contudo, por mais potentes que sejam, os computadores sempre vão ser dependentes do humano por trás deles e, assim, espero, seja por muito tempo.
Hoje, 28 de março, comemora-se o dia do diagramador e também do revisor. Profissionais fundamentais para o sucesso dos jornais que lemos e fazemos, são destes profissionais o sucesso da “performance” do jornal, seu layout e que ele fale com o leitor não apenas com palavras mas sim com designer.
Programas de diagramação e revisão são fundamentais e aceleram o trabalho destes profissionais, contudo, são os olhos do humano que pensam com o bom senso, que dão a leveza e sabem o que o leitor quer, procura e como procura.
Com mais de duas décadas de Diário da Região, César Belisário, responsável pela diagramação do periódico em São José do Rio Preto, começou na arte sem qualquer idéia de como fazê-lo mas com o elemento principal para tanto, o talento.
Fez anúncios decalcando letra por letra no antigo Letraset, e via o jornal ser montado nas folhas de astralon ou acetato. “...tudo era colado nessas folhas, matérias, fotolitos de fotos e anúncios, tudo seguindo o diagrama que primeiro passava pelo diagramador comercial, que nele desenhava onde se posicionava os anúncios”, lembra Belisário. “Depois”, continua, “...era feita a diagramação com lápis e borracha das matérias e fotos. E era assim, um riscar e apagar em um diagrama, uma folha com 50% de redução de uma folha normal toda quadriculada com centimetragem do lado, que se fazia o jornal. O primeiro programa com o qual teve contato foi o PageMaker, onde seguia um roteiro pré definido pelo editor.
Embora cursos como designer gráfico, publicidade e comunicação como um todo possam dar as margens à formação de um diagramador, é o dia a dia e o talento que forma este profissional. Saindo de uma escola semi profissionalizante onde aprendia, entre outras tarefas manuais, a arte da marcenaria e técnicas de Office boy, Roger Goulart, 28, viu um computador pela primeira vez quando tinha pouco mais de 16 anos. Pediu para “digitar” alguma coisa, apaixonou-se pelo teclado e nunca mais o deixou. Poucos cursos, pouca formação acadêmica, contudo, talento que transborda com as ferramentas da tecnologia e com a compreensão de brieffings como “pensa mais rosa”, “tá muito pouco, mais over, mais over”, “algo como chamas em Paris” ou “é só isso que você pode fazer”. Roger não terminou a faculdade, mas entende as pessoas e dá a elas exatamente o que querem, um trabalho irrepreensível.
Para Beliásio, “...o humano nunca é dispensável. A eficiência nos serviços tira empregos, mas é o que todo mundo quer. A mão de obra humana é indispensável. As novas tecnologias são apenas ferramentas para auxiliar o trabalho humano, elas não criam sozinhas. O jornal como todas as mídias existe para servir as pessoas. E, hoje, o jornal tem que se desdobrar para atrair o leitor, pois concorre com uma infinidade de atrativos e com a falta de tempo das pessoas.
O diagramador trabalha em conjunto com o editor da página. A parceria é necessária para deixar a página com uma estética atrativa aliada com um bom conteúdo. O diagramador, por sua vez, deve conhecer bem a tecnologia utilizada para tirar o máximo proveito do programa. Enfim, a tecnologia ajuda na eficiência do processo criativo”.
Em seu trabalho, Belisário vê a cumplicidade criativa como principal aliada. “...a editoria de artes é responsável pelos infográficos, ilustrações, diagramação e elaboração de projetos gráficos de cadernos especiais. Diariamente, por volta das 19 horas, me reúno com o editor-chefe, Fabrício Carareto, para definirmos a capa do jornal. Nessa reunião discutimos a manchete, as fotos e arte. A interação é bem solta, cada um dá sua opinião livremente. É como deve ser todo o processo criativo, sem medo de ser simplório, genial ou um doido. A interação entre um responsável pela matéria e um diagramador, é maravilhosa, há liberdade para falar. Tem gente que não sabe, mas isso é maravilhoso”, conclui o mestre das artes.
A todos os diagramadores, nossa gratidão por serem tão milimetricamente perfeitos e, em especial, ao diagramador que me atende, meu respeito por sua inabalável paciência e compreensão.